terça-feira, 24 de novembro de 2009

Caçador vs Agricultor

Para inaugurar o blog, vou começar de maneira atípica. Esse blog pretende ser um compilado de histórias e contos sobre a galera, mas esse primeiro post não será assim. Ele tratará de um assunto um pouco mais complexo, uma teoria sobre os fundamentos do comportamento feminino moderno.

Sabemos que nossa genética foi moldada há muito tempo, bem antes das pirâmides, dos tiranos e do iPhone. Estima-se que a humanidade tenha algo em torno de 200 mil anos de existência (isso se levarmos em conta apenas espécie Homo sapiens; os humanóides têm aproximadamente 6 milhões de anos). As primeiras grandes civilizações que temos registros datam em torno de 5 mil anos atrás, as conhecidas civilizações do crescente fértil da Mesopotâmia. Sendo assim, há certa defasagem entre como fomos calibrados geneticamente e como fomos calibrados socialmente, ou seja, pela civilização. Nossos genes são ajustados para a vida tribal de muitos anos atrás, quando ainda éramos seminômades e não enganávamos a seleção natural tão freqüentemente com remédios e aparelhos ortodônticos.

No gérmen da civilização, o homem era, provavelmente, um caçador em sua essência.
Isso porque a caça é o meio mais fácil e óbvio à subsistência. Imaginando um caçador da época, podemos concluir que ele provavelmente era extremamente imprevisível, nômade e desprendido. Se ele não puder ter mobilidade, sua existência será seriamente comprometida, então ele devia ser indiferente às mulheres que ele fecundava. Era, então, prerrogativa da mulher segui-lo para receber alguma proteção, pois ele não podia perder tempo com conceitos tão abstratos quanto “família” e “fidelidade”. As mulheres que não seguiam os caçadores dificilmente sobreviviam na selva, principalmente se estivesse grávida, mais indefesa do que normalmente já era.
Então, a mulher (e sua prole), para sobreviver, devia jogar o jogo de “siga o caçador”, passando para suas descendentes do sexo feminino a mesma característica que havia assegurado sua nascença, ou seja, a necessidade de seguir um caçador.

Há mais detalhes interessantes aqui. Naturalmente, a mulher devia ser competitiva em relação às outras mulheres que o homem fecundava, porque ele provavelmente não iria conseguir manter todas. Quando ela estava grávida, necessitava de mais alimentos, o que se tornava um problema se pensarmos em várias mulheres grávidas ao mesmo tempo. Então, o gene da cooperação feminina foi lentamente se extinguindo: as que eram cooperativas demais eram subjugadas pelas que não tinham tantos escrúpulos assim, que mantinham sua prole viva e passavam seus genes egoístas adiante.

Os homens, entretanto, experimentavam exatamente o contrário. Na selva, a maior vantagem do homem em relação às feras é sua capacidade cognitiva, e a comunicação extremamente desenvolvida com certeza ajudava na caça. Como exercício mental, imaginemos um bando caçando, depois um homem isolado. Sabemos que o homem isolado pode ser bem-sucedido em sua empreitada, mas é muito provável que esse mesmo homem isolado, unido a um bando, teria mais chances de sucesso. Talvez a piadinha do homem e da mulher que se encontram na rua após o cabeleireiro faça algum sentido biológico, afinal.

Depois de muito tempo, surge na história mais um personagem, fruto da racionalidade humana: o agricultor. Esse era um ser humano bem diferente do caçador em alguns aspectos: ele não era nômade, sua conduta era previsível, e ele oferecia mais segurança à mulher do que seu par caçador. Agora, as mulheres podiam exercer a mesma atividade que os homens, pois a agricultura não exige tanto das habilidades que os homens possuem naturalmente em níveis mais elevados que os das mulheres (os esportes são um bom exemplo prático e atual dessa diferença). Elas sequer precisavam se preocupar em segui-lo, pois sabiam exatamente onde encontrar seu “esposo” no dia seguinte. Pronto: as mulheres agora experimentavam da “relação estável” que sua racionalidade tanto buscava.

Apesar disso, a genética já tinha sido moldada muito antes do desenvolvimento da agricultura. Mesmo que, usando a racionalidade, as mulheres cheguem à conclusão de que um agricultor seja melhor pra elas (e é isso que suas mães e símiles dirão), sua genética sempre buscará por um caçador, indiferente e imprevisível.